quarta-feira, 12 de agosto de 2015

IV ENCONTRO DA REESCRITA 2015 - Memória.

16 de junho de 2015
4.º ENCONTRO – DIA 15/06/2015 (PUC Goiás – Área I, BL G Salas 311 e 417)
1. Sensibilização inicial: “A escola”, de Paulo Freire
1. Tema: Os sujeitos da EAJA
2. Objetivo:
Dar continuidade ao estudo e às reflexões sobre os sujeitos da EAJA, mantendo os objetivos pontuados no para o encontro anterior, os quais são:
  • Promover o olhar crítico e investigador sobre os sujeitos da EAJA, compreendendo-os como educandos que, ao retornarem aos espaços de educação formal, carregam consigo marcas profundas de vivências constitutivas de suas dificuldades, mas também de esperanças e possibilidades.
  • Entender que a multiplicidade de adolescentes, jovens, adultos e idosos, constitutivos da EAJA, requer compreensão e acolhimento de múltiplas identidades e diversidades.
  • Elucidar que no conceito de sujeitos da EAJA estão incluídos os educadores, co-participantes dos processos históricos, políticos, sociais, ambientais e educacionais em que se inserem os educandos.
3. Ações estratégicas:
3.1 Retomada das problematizações no “Pergaminho” sobre os sujeitos da EAJA.
3.2 Socialização, pelos participantes do GTE, do estudo realizado em seus lócus de atuação da “Sistematização dos eixos do currículo referentes ao acompanhamento pelas URE durante o 2º semestre de 2014”, trazendo as propostas de solução dadas coletivamente aos desafios e às sugestões.
3.3 Estudo:
Em pequenos grupos, retomar o texto “TUDO JUNTO: As especificidades dos/as educandos/as jovens e adultos” e “As relações de gênero: é possível tornar-se mulher na Educação de Jovens e Adultos!”, de Jerry Adriani da Silva a partir das seguintes questões:
  • Jerry Adriani aponta duas discussões importantes no texto, “sujeito e gênero”. Como o grupo avalia as concepções defendidas pelo autor?
  • Poderíamos pensar escolas como espaços de afirmação da diversidade, refutando políticas massificadoras de integração que anulam as diversidades? Quais movimentos criar ou quais mudanças de mentalidade empreender para que o “tom” da convivência entre os múltiplos sujeitos não seja compreendido apenas como conflito?


Memória. GRUPO AMARELO

O quarto encontro do GTE de avaliação e reescrita da PPP da EAJA foi iniciado com o João Luís dedicando ao grupo o poema “A escola”, de Paulo Freire. Em seguida, trouxe a memória do encontro anterior.
Subdividindo o grupo, Fabiano conduziu a continuidade da discussão sobre os sujeitos da EAJA, a partir dos textos de Jerry Adriani, iniciado no encontro anterior, propondo as seguintes reflexões: 1. Jerry Adriani aponta duas discussões importantes no texto, “sujeito” e “gênero”. Como o grupo avalia as concepções defendidas pelo autor? 2. Poderíamos pensar escolas como espaços de afirmação da diversidade, refutando políticas massificadoras de integração que anulam as diversidades? Quais movimentos criar ou quais mudanças de mentalidade empreender para que o “tom” da convivência entre os múltiplos sujeitos não seja compreendido apenas como conflito? Num movimento de partilha das reflexões feitas nos pequenos grupos, Cláudia trouxe a compreensão de sujeito como uma instância ampla, apontando para as interfaces da política, da participação social e do mundo da cultura, pontuando sobre a necessidade de garantir a esse sujeito o espaço do diálogo, do exercício da fala, da participação, da tomada de decisões... No que se refere à discussão de gênero, Cláudia pontuou sobre a necessidade de rompermos com as relações de poder e de superioridade do homem em relação à mulher e com as construções mentais e representações desiguais decorrentes dessa relação. Nesse sentido, Fabíola partilhou a experiência particular vivenciada em sua unidade escolar, onde são constantemente feitos relatos de agressão física e verbal de homens em relação às mulheres, sobretudo dos maridos em relação às esposas; realidade que impulsionou o coletivo dessa unidade escolar a elaborar um projeto específico sobre as questões de gênero e do direito; notando-se, assim, no decorrer do projeto, dificuldades nas próprias mulheres de compreenderem e aplicarem seus direitos legais. Cláudia relatou incompreensão dessa dimensão do direito específico da mulher também pelo coletivo de professores. Nesse sentido, Fabiano pontuou que os conflitos de gênero dão-se não apenas na relação homem-mulher, mas também quanto às demais orientações sexuais. E, ainda nesse rumo, Alba Valéria fez a defesa do direito humano, independentemente das diferenças socioeconômicas, étnico-raciais, de orientação sexual e das questões de gênero. Propôs ainda que abarcássemos a discussão dos conflitos também pelo viés da luta de classes, fazendo as seguintes provocações: “Como quebrar ‘esquemas’ e consciências historicamente formadas numa ideologia hierarquizante e, nesse sentido, quais referências buscar?”, “Que acompanhamento escolar promover?”, “Como promover uma formação na contramão dessa lógica excludente historicamente construída?”.
Marta trouxe a necessidade de empoderarmos o coletivo de educadores, rompendo com preconceitos e aprofundando o conhecimento sobre o tema, numa perspectiva que atinja não apenas pequenos grupos e representantes, mas toda a coletividade de educadores. Marta ponderou ainda sobre a dificuldade da compreensão do currículo a partir da realidade dos educandos e do trabalho coletivo, posicionando-se sobre a necessidade de união de esforços no enfrentamento dessa dificuldade.
Sérgio também falou sobre a resistência percebida nos educadores quanto ao trabalho coletivo, o ato de planejar junto, ressaltando que consegue perceber essa mobilização coletiva apenas em movimentos de lutas por garantias de direitos e melhorais para a classe, e não para a atuação pedagógica no cotidiano escolar. Chamou à reflexão: “Como romper com esse esquema?”, Como criar outra consciência, não colonizada?”. Então propôs que nas escolas os educadores se unam e criem formas de organização do trabalho que quebrem com o funcionamento hegemonizados desde a colonização.
João Luís trouxe a experiência de uma escola da RME que consegue dialogar efetivamente com os educandos e que criam com eles e pautados em suas necessidades projetos e ações pedagógicas. Também falou de outra escola que fez um movimento de autoavaliação e conseguiu, a partir daí, buscar a solução para os desafios e dificuldades no interior da própria instituição; ressaltando a importância da troca de experiências entre as escolas para o enriquecimento desse processo.
Leiliane apontou a relevância da formação continuada experimentada com as dez escolas do Proeja Fic/PRONATEC, que traz novas possibilidades de organização curricular e estratégias de trabalho, como as aulas compartilhadas. Falou, ainda, da relevância da formação em contexto mediatizada pelo coordenador pedagógico.
Divino ressaltou o quanto a atual PPP da EAJA já é consistente\densa, mas que lhe entristece perceber nas escolas um movimento de “sabotagem” (expressão utilizada por ele) dessa PPP. Propôs, assim, um olhar atento nesse processo de avaliação e reescrita da PPP, chamando a atenção para a sua efetivação.
Jovenília reforçou a necessidade de aprofundarmos as questões levantadas por Alba Valéria, trazendo o sujeito para o debate, sem fragmentá-lo em elementos, mas buscando a compreensão da história envolvida nas construções e os conflitos que se dão entre pessoas que convivem, as relações de poder e a diversidade.
Carlos fez a proposição de entendermos os sujeitos da EAJA e as dimensões concernentes ao tema como objeto de estudo para a formação continuada. E pontuou ainda sobre a conjuntura atual, tanto em cenário local como em todo o Brasil, de um forte e ostensivo movimento conservador, fundamentalista e “biologizante” na abordagem e na luta política sobre o tema, contrariando inclusive princípios do direito e a diversidade. E indaga: “Como fazer frente a essa realidade dicotomizada, cujas ideias também são compartilhadas por grande parte de nós, educadores?”

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