sexta-feira, 12 de junho de 2015

III ENCONTRO DA REESCRITA 2015 - Memória.

01 de junho de 2015
3.º ENCONTRO – DIA 1º/06/2015 (PUC Goiás – Área I, BL G Sala 311 e 417)
1. Tema: Os sujeitos da EAJA
2. Objetivo:
  • Promover o estudo crítico e investigador sobre os sujeitos da EAJA, entendendo a necessidade de olhar para esses sujeitos de maneira diferenciada, compreendendo-os como educandos que, ao retornarem aos espaços de educação formal, carregam consigo marcas profundas de vivências constitutivas de suas dificuldades, mas também de esperanças e possibilidades. 
  • Entender que a multiplicidade de adolescentes, jovens, adultos e idosos, constitutivos da EAJA, requer compreensão e acolhimento de múltiplas identidades e diversidades.
  • Elucidar que no conceito de sujeitos da EAJA estão incluídos os educadores, co-participantes dos processos históricos, políticos, sociais, ambientais e educacionais em que se inserem os educandos.
3. Memória: breve retomada do 2º encontro
4. Orientações: Compartilhamento das reflexões e problematizações levantadas pela coletividade no encontro anterior acerca da PPP e das vivências em seus lócus de atuação. Propor que essas demandas sejam estudadas, refletidas e redimensionadas de forma gradual e concomitante às etapas e conteúdos que constituem objeto de estudo desse GTE. Dessa forma, as reflexões levantadas pelo grupo, referentes aos sujeitos da EAJA serão abordadas no decorrer dos encontros relativos a esse tema e de forma correlacionada aos textos de estudo. Explicar a adoção do recurso do “Pergaminho” como estratégia para socializar e dar visibilidade às demandas e reflexões no decorrer dos estudos, compreendendo que ele deverá ser sempre atualizado, à medida que o assunto for esgotado e\ou surgir nova proposição.
5. Ações estratégicas:
5.1 Sensibilização:
Depoimentos sobre a importância da experiência escolar na EAJA na trajetória de vida pessoal e profissional de sujeitos educandos. Roda de Prosa com dois ou três educadores/as compartilhando suas experiências particulares de atuação na modalidade da EAJA.
5.2 Estudo:
1. Retomada das reflexões\problematizações levantadas pelo grupo sobre os sujeitos da EAJA.
2. Discussão coletiva do texto “TUDO JUNTO: As especificidades dos/as educandos/as jovens e adultos” e “As relações de gênero: é possível tornar-se mulher na Educação de Jovens e Adultos!”, de Jerry Adriani da Silva.
5. Encaminhamentos: Entrega da “Sistematização dos eixos do currículo referentes ao acompanhamento pelas URE durante o 2º semestre de 2014”, com o objetivo de que os integrantes do GTE, com seus pares em seus lócus de atuação, analisem os problemas e os desafios apresentados, fazendo propostas de solução para eles, bem como avaliem as sugestões dadas verificando a pertinência e a viabilidade delas. 

GRUPO AMARELO
O terceiro encontro consistiu na análise das problematizações levantadas pelo grupo no encontro anterior sobre os sujeitos da EAJA, bem como na discussão coletiva de um texto de Jerry Adriani sobre esse assunto.
Resgatou-se a ideia, já registrada na Proposta Político-Pedagógica da EAJA, de que os sujeitos são compreendidos por todos os indivíduos atuantes na EAJA, tais como educandos, educadores, gestores, auxiliares administrativos das unidades escolares, servidores das URE, do CEFPE, da SME, entre outros, o que nos impele a mobilizar todos os envolvidos no processo de reconhecimento da EAJA como uma modalidade de direito e, portanto, que demanda reconhecimento e luta coletiva. Ressaltou-se a dificuldade do educador dedicar-se mais à formação, visto que geralmente tem jornada de trabalho triplicada e que o momento de estudo, em horário de trabalho, tem sido comprometido pelo excessivo déficit de professores, entre outros dificultadores.
Pontuou-se que é necessário que o educador\a da EAJA tenha consciência do seu papel social e político, bem como efetivamente adote os princípios da educação popular. Nesse sentido, conclui-se que o aprofundamento da formação continuada em Paulo Freire e em seus precursores torna-se fundamental e urgente.
Ressaltou-se a necessidade de tempo\espaço para a organização dos sujeitos educadores nos seus lócus de educação, entendendo-se a necessidade de dar direito a voz a esses sujeitos. Tirar os indivíduos do isolamento para trabalhos coletivos mostra-se assim ação urgente. Houve posicionamentos ressaltando a necessidade de restauramos a autoridade do educador, compreendendo essa autoridade como um efetivo senso ético e de comprometimento social, político e social com a modalidade da EAJA.
Entendeu-se a necessidade de compreender as relações entre os diferentes sujeitos nos espaços escolares – os idosos, os adultos, as mulheres, os adolescentes – para além das questões de conflito próprias dessa convivência, buscando pontos de convergência, de diálogo e trocas, que geram aprendizado aos educandos e, sobretudo, aos educadores.
A defesa de uma construção efetivamente coletiva dos PPP nas unidades escolares e de forma ancorada na Proposta Político-Pedagógica da RME foi preponderante. Fortaleceu-se então a necessidade de dar voz aos sujeitos e de ancorar as práticas pedagógicas nas reais necessidades e anseios desses sujeitos, objetivando sempre a construção de conhecimentos e de uma consciência social e política mobilizadora na luta pela garantia de direitos.
Os três convidados (dois educadores e uma educanda) relataram suas experiências como sujeitos da EAJA e trouxeram contribuições importantes referentes às suas capacidades e necessidades de resistência, já que as adversidades são sempre grandes; à compreensão de que a EAJA é uma modalidade de educação que demanda defesa e luta, visto que é bastante incompreendida por grande parte da sociedade e muitas instituições educativas; à necessidade de formação continuada, e que esta ocorra também nos espaços educacionais, numa perspectiva que traga os sujeitos educadores como protagonistas nesse processo; à compreensão das unidades escolares como espaços eminentemente conflituosos, dada à diversidade dos sujeitos envolvida e da decorrente necessidade do debate, do diálogo e de afirmação dessa diversidade na efetiva construção social, política e pedagógica da EAJA.
Ficou encaminhado para o próximo encontro que é necessário aprofundar as discussões relativas às questões de gênero, de sexualidade, étnico-raciais e da diversidade de sujeitos educandos, e como atividade para os participantes a socialização da sistematização do levantamento feitos pelos apoios pedagógicos, com o objetivo de confirmar dos desafios apontados, levantando possibilidade de superá-los e analisar a pertinência e a viabilidade das sugestões dadas.

GRUPO VERDE
Nosso 3º encontro de GTE de avaliação e reescrita da PPP da EAJA foi iniciado por Márcia, que recitou o poema “Tempo”, de Viviane Mosé.
Marisa fez o resgate do 2º encontro, cuja dinâmica empreendida foi de discussão, em grupos, sobre as inquietações e proposituras referentes à PPP da EAJA, apresentando a síntese das reflexões com destaque no eixo sujeito, que será debatido neste 3º encontro. Assim, a constituição do varal contendo as demandas levantadas no GTE anterior, relativas ao tema, abordadas e discutidas tendo como subsídio o texto “Tudo Junto: as especificidades dos/as educandos/as jovens e adultos” de Jerry Adriani da Silva.
Márcia reiterou a importância de acessarmos o blog da reescrita da PPP da EAJA e de participar por meio de comentários e sugestões para que a construção seja de fato coletiva. Propôs a leitura da síntese das reflexões sobre a PPP da EAJA, com a constatação de que o material sistematizado corresponde ao discutido no 2º encontro. Houve destaque no eixo Bases Legais e proposta de um outro campo sobre a efetivação de políticas públicas para a EAJA na rede municipal de educação.
Márcia, ainda, explicou sobre a participação das professoras Maria José e Gláucia, bem como da educanda Fernanda, com objetivo de trazer experiências que contribuam na e para compreensão de quem são os sujeitos da EAJA.
A professora Maria José, que atua nas escolas Itamar Martins e Cel. Getulino Artiaga, expressou o contentamento em ver pessoas dispostas a lutar por uma EAJA melhor, cujos enfrentamentos são muitos no que se refere ao reconhecimento dos direitos dos sujeitos da modalidade. Relembra que muitos desafios já foram enfrentados, quanto à atuação dos professores, principalmente quando existiam concursos próprios para a contratação do coordenador pedagógico e hoje o reconhecimento de que esta função pode ser ocupada por qualquer professor que atua na escola e na EAJA. Outro aspecto de luta se deu no campo das reivindicações, de que os educandos trabalhadores da EJA fossem respeitados em suas especificidades e que fosse servido o jantar, pois não tem como estudar com fome. Relata que é professora do I segmento da EAJA e algo que a preocupa refere-se ao quantitativo de pessoas não-alfabetizadas e/ou com ensino fundamental incompleto e onde se encontram. Quem são eles? Por que não retomam seus estudos? Destaca que vem falar dos sujeitos da EAJA e que sentiu falta, no documento de síntese, de abordagens sobre os adolescentes que se encontram em nossas escolas e os desafios postos nesse atendimento. Hoje esses adolescentes são, às vezes, os usuários de drogas e/ou traficantes, que acabam trazendo medo aos educadores, que muitas vezes não sabem como lidar com essa realidade. O que fazer? Qual metodologia adotar? Que currículo desenvolver? Inquietações presentes em nosso fazer pedagógico que não param por aí, temos em nossas salas de aula uma grande quantidade de educandos oriundos de outros Estados, que buscam melhores condições de trabalho e/ou um emprego; idosos com suas peculiaridades, como exemplo mal de alzheimer, que você ensina hoje e amanhã não se lembra de nada; mulheres-mães que ajudaram a família toda a estudar e agora encontram-se em depressão por não terem constituído algo pra si; educandos com necessidades educacionais específicas, assim nossa discussão perpassa pelas questões teóricas, bem como por reconhecer, compreender e incluir esses sujeitos. Estes desafios foram abordados em seminário temático desenvolvido na escola Itamar Martins, porém para discutir com os educandos foi necessário clareza na metodologia adotada. Não podemos ficar apenas na discussão que logo um educando ou outro diz “não vai ter aula, não?”. Cabe dizer que esses momentos são ricos e os resultados expressam aprendizados. Outro movimento empreendido foi a realização do Fórum de EJA, na E. M. Cel. Getulino Artiaga, que trouxe como resultado a elaboração de uma carta que será entregue em Brasília (MEC). Maria José ressalta: “temos que ser inteiros em nosso trabalho e que a PPP da EAJA está sempre em um processo de construção coletiva”.
Neste momento, Márcia passou a fala para a coordenadora pedagógica da E. M. Joel Marcelino de Oliveira. A professora Gláucia relata que está no exercício dessa função desde 2003 e que este momento é ímpar para a EAJA. Gláucia esclarece que a experiência vivenciada em sua escola é de integração da educação básica com a qualificação profissional inicial – PROEJA-FIC/PRONATEC, cuja adesão foi consciente de que o trabalho não seria fácil e que a chegada dos profissionais da área técnica apontou alguns desafios no campo da concepção de educação. Essas dificuldades foram sendo amenizadas pelos momentos formativos, mediados pelo orientador formador (contratado pelo IFG) numa atuação conjunta da coordenação pedagógica e aconteciam na própria escola. Foi um aprender no fazer. Nossa surpresa foi que ao estudar descobrimos que havíamos dado início ao que consta na PPP da EAJA, algo que julgávamos desenvolver há tempo. Outro aspecto relevante foi de que passamos a compreender um pouco mais do que vem a ser formação in locus e que, inicialmente, nossa proposta era de usar os momentos de planejamento dividido em estudo e discussão das questões internas da escola (realidade dos educandos e prática pedagógica). Percebemos que os dois devem caminhar juntos, pois a teoria subsidia a prática pedagógica. A escola já realizava o diagnóstico inicial para estruturar o fazer pedagógico, mas a dificuldade maior era a análise deste material. O que fazer? Como usá-lo? Quais contribuições traz para nossa prática pedagógica? O grande avanço nestes dois anos se deu no campo do envolvimento dos professores. Essa organização formativa contribuiu para a compreensão de que quanto mais estudamos, tanto mais temos a fazer. Temos clareza de que, hoje, estamos conseguindo fazer melhor o eixo temático, metodologia presente na PPP da EAJA. O coletivo de professores tem potencialidades e a formação continuada contribui no e para o aprofundamento de quem são os sujeitos que estão na escola e de suas realidades. Há que se destacar que os momentos formativos precisam ser planejados e aqui o compromisso da academia (Faculdade de Educação – UFG) vem fortalecer e orientar estes momentos na escola, desenvolvidos de maneira integrada com a SME. Pensar em reescrita da PPP da EAJA, requer pensar em potencializar a participação dos profissionais das escolas e qual formação empreender para atender melhor a demanda da EAJA.
Fernanda, ex-educanda da EAJA e hoje cursando Direito, vem apresentar sua experiência de vida escolar em um abrigo de meninas que cumpre medidas socioeducativas, quase sempre vistas como problemas, estigmatizadas como usuárias de drogas e marginais. Sempre pensei em ser diferente, estudar e ter uma vida profissional, percebi que tudo que estudei contribuiu para minhas conquistas e os professores me motivaram a continuar e hoje sou vista como incentivo para as meninas internas. Para estudar precisei trabalhar bastante para pagar a inscrição do vestibular e outras coisas mais, reconheço a boa atuação dos professores, porém precisa ter um esforço pessoal e a EJA foi uma oportunidade de estudo e de cursar todo ensino fundamental em um único local (abrigo Terra Fértil).
Márcia esclarece este tipo de atendimento ligado à EAJA, mesmo que para meninas menores de 15 anos de idade que possuem uma experiência de vida marcada pelos processos de exclusão enquanto dependentes químicas e moradoras de rua. O que precisamos é percebê-las como sujeitos de direitos à educação. Vale reforçar que este atendimento é de conhecimento do Ministério Público. Assim, terminada as socializações, abrimos para questionamentos e considerações.
Joel propôs uma organização em grupos para responder às seguintes questões: Quais contribuições teóricas sobre sujeitos da EJA, presentes no texto “Tudo Junto: as especificidades dos/as educandos/as jovens e adultos”? Quais contribuições teóricas sobre gênero e EJA, presentes no texto “Tudo Junto: as especificidades dos/as educandos/as jovens e adultos”? Quem são esses sujeitos que atendo no meu fazer pedagógico? No que se refere à questão de gênero, como percebo esta relação em minha atuação pedagógica? Os grupos entregarão os registros que serão incorporados e ressignificados pelos estudos e pesquisas no processo de reescrita da PPP da EAJA. Como encaminhamento para o próximo encontro teremos a apresentação dos grupos e discussão sobre as contribuições levantadas com seus pares em seus lócus de atuação sobre “Sistematização dos eixos do currículo referentes ao acompanhamento pelas URE's durante o 2º semestre de 2014”.