01 de junho de 2015
3.º ENCONTRO – DIA 1º/06/2015 (PUC Goiás – Área I, BL G Sala 311 e 417)
3.º ENCONTRO – DIA 1º/06/2015 (PUC Goiás – Área I, BL G Sala 311 e 417)
1. Tema: Os
sujeitos da EAJA
2. Objetivo:
- Promover o estudo crítico e investigador sobre os sujeitos da EAJA, entendendo a necessidade de olhar para esses sujeitos de maneira diferenciada, compreendendo-os como educandos que, ao retornarem aos espaços de educação formal, carregam consigo marcas profundas de vivências constitutivas de suas dificuldades, mas também de esperanças e possibilidades.
- Entender que a multiplicidade de adolescentes, jovens, adultos e idosos, constitutivos da EAJA, requer compreensão e acolhimento de múltiplas identidades e diversidades.
- Elucidar que no conceito de sujeitos da EAJA estão incluídos os educadores, co-participantes dos processos históricos, políticos, sociais, ambientais e educacionais em que se inserem os educandos.
4. Orientações:
Compartilhamento das
reflexões e problematizações levantadas pela coletividade no
encontro anterior acerca da PPP e das vivências em seus lócus de
atuação. Propor que essas demandas sejam estudadas, refletidas e
redimensionadas de forma gradual e concomitante às etapas e
conteúdos que constituem objeto de estudo desse GTE. Dessa forma, as
reflexões levantadas pelo grupo, referentes aos sujeitos da EAJA
serão abordadas no decorrer dos encontros relativos a esse tema e de
forma correlacionada aos textos de estudo. Explicar a adoção do
recurso do “Pergaminho” como estratégia para socializar e dar
visibilidade às demandas e reflexões no decorrer dos estudos,
compreendendo que ele deverá ser sempre atualizado, à medida que o
assunto for esgotado e\ou surgir nova proposição.
5. Ações estratégicas:
5.1 Sensibilização:
Depoimentos sobre a importância
da experiência escolar na EAJA na trajetória de vida pessoal e
profissional de sujeitos educandos. Roda de Prosa com dois ou três
educadores/as compartilhando suas experiências particulares de
atuação na modalidade da EAJA.
5.2 Estudo:
1. Retomada das
reflexões\problematizações levantadas pelo grupo sobre os
sujeitos da EAJA.
2. Discussão coletiva do texto
“TUDO JUNTO: As
especificidades dos/as educandos/as jovens e adultos” e “As
relações de gênero: é possível tornar-se mulher na Educação de
Jovens e Adultos!”, de Jerry Adriani da Silva.
5. Encaminhamentos: Entrega
da “Sistematização dos eixos do currículo referentes ao
acompanhamento pelas URE durante o 2º semestre de 2014”, com o
objetivo de que os integrantes do GTE, com seus pares em seus lócus
de atuação, analisem os problemas e os desafios apresentados,
fazendo propostas de solução para eles, bem como avaliem as
sugestões dadas verificando a pertinência e a viabilidade delas.
GRUPO AMARELO
O
terceiro encontro consistiu na análise das problematizações
levantadas pelo grupo no encontro anterior sobre os sujeitos da EAJA,
bem como na discussão coletiva de um texto de Jerry Adriani sobre
esse assunto.
Resgatou-se
a ideia, já registrada na Proposta Político-Pedagógica da EAJA, de
que os sujeitos são compreendidos por todos os indivíduos atuantes
na EAJA, tais como educandos, educadores, gestores, auxiliares
administrativos das unidades escolares, servidores das URE, do CEFPE,
da SME, entre outros, o que nos impele a mobilizar todos os
envolvidos no processo de reconhecimento da EAJA como uma modalidade
de direito e, portanto, que demanda reconhecimento e luta coletiva.
Ressaltou-se a dificuldade do educador dedicar-se mais à formação,
visto que geralmente tem jornada de trabalho triplicada e que o
momento de estudo, em horário de trabalho, tem sido comprometido
pelo excessivo déficit de professores, entre outros dificultadores.
Pontuou-se
que é necessário que o educador\a da EAJA tenha consciência do seu
papel social e político, bem como efetivamente adote os princípios da educação popular. Nesse sentido, conclui-se que o aprofundamento da formação
continuada em Paulo Freire e em seus precursores torna-se fundamental
e urgente.
Ressaltou-se
a necessidade de tempo\espaço para a organização dos sujeitos
educadores nos seus lócus de educação, entendendo-se a
necessidade de dar direito a voz a esses sujeitos. Tirar os
indivíduos do isolamento para trabalhos coletivos mostra-se assim
ação urgente. Houve posicionamentos ressaltando a necessidade de
restauramos a autoridade do educador, compreendendo essa autoridade
como um efetivo senso ético e de comprometimento social, político e
social com a modalidade da EAJA.
Entendeu-se
a necessidade de compreender as relações entre os diferentes
sujeitos nos espaços escolares – os idosos, os adultos, as
mulheres, os adolescentes – para além das questões de conflito
próprias dessa convivência, buscando pontos de convergência, de
diálogo e trocas, que geram aprendizado aos educandos e, sobretudo,
aos educadores.
A
defesa de uma construção efetivamente coletiva dos PPP nas unidades
escolares e de forma ancorada na Proposta Político-Pedagógica da
RME foi preponderante. Fortaleceu-se então a necessidade de dar voz
aos sujeitos e de ancorar as práticas pedagógicas nas reais
necessidades e anseios desses sujeitos, objetivando sempre a
construção de conhecimentos e de uma consciência social e política
mobilizadora na luta pela garantia de direitos.
Os
três convidados (dois educadores e uma educanda) relataram suas
experiências como sujeitos da EAJA e trouxeram contribuições
importantes referentes às suas capacidades e necessidades de
resistência, já que as adversidades são sempre grandes; à
compreensão de que a EAJA é uma modalidade de educação que
demanda defesa e luta, visto que é bastante incompreendida por
grande parte da sociedade e muitas instituições educativas; à
necessidade de formação continuada, e que esta ocorra também nos
espaços educacionais, numa perspectiva que traga os sujeitos
educadores como protagonistas nesse processo; à compreensão das
unidades escolares como espaços eminentemente conflituosos, dada à
diversidade dos sujeitos envolvida e da decorrente necessidade do
debate, do diálogo e de afirmação dessa diversidade na efetiva
construção social, política e pedagógica da EAJA.
Ficou
encaminhado para o próximo encontro que é necessário aprofundar as
discussões relativas às questões de gênero, de sexualidade,
étnico-raciais e da diversidade de sujeitos educandos, e como atividade
para os participantes a socialização da sistematização do
levantamento feitos pelos apoios pedagógicos, com o objetivo de
confirmar dos desafios apontados, levantando possibilidade de
superá-los e analisar a pertinência e a viabilidade das sugestões
dadas.
GRUPO VERDE
Nosso 3º encontro de GTE de
avaliação e reescrita da PPP da EAJA foi iniciado por Márcia, que
recitou o poema “Tempo”, de Viviane Mosé.
Marisa fez o resgate do 2º
encontro, cuja dinâmica empreendida foi de discussão, em grupos,
sobre as inquietações e proposituras referentes à PPP da EAJA,
apresentando a síntese das reflexões com destaque no eixo sujeito,
que será debatido neste 3º encontro. Assim, a constituição do
varal contendo as demandas levantadas no GTE anterior, relativas ao tema, abordadas e discutidas tendo como subsídio o
texto “Tudo Junto: as especificidades dos/as educandos/as jovens e
adultos” de Jerry Adriani da Silva.
Márcia reiterou a importância
de acessarmos o blog da reescrita da PPP da EAJA e de participar por
meio de comentários e sugestões para que a construção seja de
fato coletiva. Propôs a leitura da síntese das reflexões sobre a
PPP da EAJA, com a constatação de que o material sistematizado corresponde
ao discutido no 2º encontro. Houve destaque no eixo Bases Legais e
proposta de um outro campo sobre a efetivação de políticas
públicas para a EAJA na rede municipal de educação.
Márcia, ainda, explicou sobre a
participação das professoras Maria José e Gláucia, bem como da
educanda Fernanda, com objetivo de trazer experiências que
contribuam na e para compreensão de quem são os sujeitos da EAJA.
A professora Maria José, que
atua nas escolas Itamar Martins e Cel. Getulino Artiaga, expressou o
contentamento em ver pessoas dispostas a lutar por uma EAJA melhor,
cujos enfrentamentos são muitos no que se refere ao reconhecimento
dos direitos dos sujeitos da modalidade. Relembra que muitos
desafios já foram enfrentados, quanto à atuação dos professores,
principalmente quando existiam concursos próprios para a contratação
do coordenador pedagógico e hoje o reconhecimento de que esta
função pode ser ocupada por qualquer professor que atua na escola e
na EAJA. Outro aspecto de luta se deu no campo das reivindicações, de que os educandos trabalhadores da EJA fossem respeitados em suas
especificidades e que fosse servido o jantar, pois não tem como
estudar com fome. Relata que é professora do I segmento da EAJA e
algo que a preocupa refere-se ao quantitativo de pessoas
não-alfabetizadas e/ou com ensino fundamental incompleto e onde se
encontram. Quem são eles? Por que não retomam seus estudos?
Destaca que vem falar dos sujeitos da EAJA e que sentiu falta, no
documento de síntese, de abordagens sobre os adolescentes que se
encontram em nossas escolas e os desafios postos nesse atendimento.
Hoje esses adolescentes são, às vezes, os usuários de drogas e/ou
traficantes, que acabam trazendo medo aos educadores, que muitas
vezes não sabem como lidar com essa realidade. O que fazer? Qual
metodologia adotar? Que currículo desenvolver? Inquietações
presentes em nosso fazer pedagógico que não param por aí, temos em
nossas salas de aula uma grande quantidade de educandos oriundos de
outros Estados, que buscam melhores condições de trabalho e/ou um
emprego; idosos com suas peculiaridades, como exemplo mal de
alzheimer, que você ensina hoje e amanhã não se lembra de nada;
mulheres-mães que ajudaram a família toda a estudar e agora
encontram-se em depressão por não terem constituído algo pra si;
educandos com necessidades educacionais específicas, assim nossa
discussão perpassa pelas questões teóricas, bem como por
reconhecer, compreender e incluir esses sujeitos. Estes desafios
foram abordados em seminário temático desenvolvido na escola Itamar
Martins, porém para discutir com os educandos foi necessário
clareza na metodologia adotada. Não podemos ficar apenas na discussão
que logo um educando ou outro diz “não vai ter aula, não?”.
Cabe dizer que esses momentos são ricos e os resultados expressam
aprendizados. Outro movimento empreendido foi a realização do Fórum
de EJA, na E. M. Cel. Getulino Artiaga, que trouxe como resultado a
elaboração de uma carta que será entregue em Brasília (MEC). Maria José
ressalta: “temos que ser inteiros em nosso trabalho e que a PPP da
EAJA está sempre em um processo de construção coletiva”.
Neste momento, Márcia passou a
fala para a coordenadora pedagógica da E. M. Joel Marcelino de
Oliveira. A professora Gláucia relata que está no exercício dessa função
desde 2003 e que este momento é ímpar para a EAJA. Gláucia esclarece que a
experiência vivenciada em sua escola é de integração da educação
básica com a qualificação profissional inicial –
PROEJA-FIC/PRONATEC, cuja adesão foi consciente de que o trabalho
não seria fácil e que a chegada dos profissionais da área técnica
apontou alguns desafios no campo da concepção de educação. Essas
dificuldades foram sendo amenizadas pelos momentos formativos,
mediados pelo orientador formador (contratado pelo IFG) numa atuação
conjunta da coordenação pedagógica e aconteciam na própria
escola. Foi um aprender no fazer. Nossa surpresa foi que ao estudar descobrimos que havíamos dado início ao que consta na PPP da EAJA,
algo que julgávamos desenvolver há tempo. Outro aspecto relevante
foi de que passamos a compreender um pouco mais do que vem a ser
formação in locus
e que, inicialmente, nossa proposta era de usar os momentos de
planejamento dividido em estudo e discussão das questões internas
da escola (realidade dos educandos e prática pedagógica).
Percebemos que os dois devem caminhar juntos, pois a teoria subsidia
a prática pedagógica. A escola já realizava o diagnóstico inicial
para estruturar o fazer pedagógico, mas a dificuldade maior era a
análise deste material. O que fazer? Como usá-lo? Quais
contribuições traz para nossa prática pedagógica? O grande avanço
nestes dois anos se deu no campo do envolvimento dos professores.
Essa organização formativa contribuiu para a compreensão de que
quanto mais estudamos, tanto mais temos a fazer. Temos clareza de
que, hoje, estamos conseguindo fazer melhor o eixo temático,
metodologia presente na PPP da EAJA. O coletivo de professores tem
potencialidades e a formação continuada contribui no e para o
aprofundamento de quem são os sujeitos que estão na escola e de
suas realidades. Há que se destacar que os momentos formativos
precisam ser planejados e aqui o compromisso da academia (Faculdade
de Educação – UFG) vem fortalecer e orientar estes momentos na
escola, desenvolvidos de maneira integrada com a SME. Pensar em
reescrita da PPP da EAJA, requer pensar em potencializar a
participação dos profissionais das escolas e qual formação
empreender para atender melhor a demanda da EAJA.
Fernanda, ex-educanda da EAJA e
hoje cursando Direito, vem apresentar sua experiência de vida
escolar em um abrigo de meninas que cumpre medidas socioeducativas,
quase sempre vistas como problemas, estigmatizadas como usuárias de
drogas e marginais. Sempre pensei em ser diferente, estudar e ter uma
vida profissional, percebi que tudo que estudei contribuiu para
minhas conquistas e os professores me motivaram a continuar e hoje
sou vista como incentivo para as meninas internas. Para estudar
precisei trabalhar bastante para pagar a inscrição do vestibular e
outras coisas mais, reconheço a boa atuação dos professores, porém
precisa ter um esforço pessoal e a EJA foi uma oportunidade de
estudo e de cursar todo ensino fundamental em um único local (abrigo
Terra Fértil).
Márcia esclarece este tipo de
atendimento ligado à EAJA, mesmo que para meninas menores de 15 anos
de idade que possuem uma experiência de vida marcada pelos processos
de exclusão enquanto dependentes químicas e moradoras de rua. O que
precisamos é percebê-las como sujeitos de direitos à educação.
Vale reforçar que este atendimento é de conhecimento do Ministério
Público. Assim, terminada as socializações, abrimos para
questionamentos e considerações.
Joel propôs uma organização em
grupos para responder às seguintes questões: Quais contribuições
teóricas sobre sujeitos da EJA, presentes no texto “Tudo Junto: as
especificidades dos/as educandos/as jovens e adultos”? Quais
contribuições teóricas sobre gênero e EJA, presentes no texto
“Tudo Junto: as especificidades dos/as educandos/as jovens e
adultos”? Quem são esses sujeitos que atendo no meu fazer
pedagógico? No que se refere à questão de gênero, como percebo
esta relação em minha atuação pedagógica? Os grupos entregarão
os registros que serão incorporados e ressignificados pelos estudos
e pesquisas no processo de reescrita da PPP da EAJA. Como
encaminhamento para o próximo encontro teremos a apresentação dos
grupos e discussão sobre as contribuições levantadas com seus
pares em seus lócus de atuação sobre “Sistematização dos eixos
do currículo referentes ao acompanhamento pelas URE's durante o 2º
semestre de 2014”.