Brasil, pátria educadora de Jovens e Adultos?
4
de fevereiro de 2015 às 13:54 REVISTA NOVA ESCOLA
Será
que o slogan vale também para a EJA? Caso sim, precisaremos de um
grande esforço para enfrentar de fato os problemas dessa modalidade
de ensino. Isso é o que comprovam os dados:
Em
termos de alfabetização, o país ainda precisa abrir espaço para
que cerca de 13,3
milhões de brasileiros acima de 15 anos aprendam a ler e escrever,
de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
de 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para ter uma ideia do tamanho do problema, segundo o Censo Escolar
2013, há
apenas cerca de 3,8 milhões de alunos matriculados na EJA.
Isso significa que, para dar conta da população não alfabetizada,
a oferta de cursos precisaria mais do que triplicar. Um desafio e
tanto!
Ao
considerarmos a Educação Básica como um todo, o buraco é ainda
mais embaixo: cerca
de 83 milhões de pessoas com 18 anos ou mais não concluíram o
Ensino Fundamental ou o Médio,
de acordo com o Censo Demográfico 2010, o que corresponde à quase
metade dos brasileiros.
Em
um país com déficits educacionais acumulados por anos, como o
Brasil, volta e meia reaparece a discussão se deveríamos investir
na EJA: Será que não seria mais interessante priorizar a Educação
das crianças, que ainda têm toda a vida profissional pela frente?
Esse investimento não “daria mais retorno”? É como se
tivéssemos de escolher entre elas e os adultos. Esse argumento é
empregado com frequência por alguns gestores para desencorajar
investimentos no atendimento ao público mais velho.
Por
outro lado, há quem defenda a EJA como uma ferramenta de formação
de mão de obra mais qualificada. São comuns reportagens sobre
empresas que não conseguem preencher as vagas de trabalho por não
encontrarem profissionais suficientemente capacitados. Segundo essa
perspectiva, acelerar a formação desses adultos é bom para os
empregadores, para o governo e para os futuros funcionários, que
conseguiriam melhores ocupações e salários.
Porém,
anterior a qualquer debate, há outro aspecto ainda mais essencial,
que é o do direito
à Educação.
Se, como afirma a Constituição Federal, todo brasileiro tem direito
à Educação Básica, então o estado deve prover condições para
que isso aconteça, mesmo no caso de quem não teve condições de
estudar quando criança. Isso significa proporcionar uma situação
propícia para que essas 83 milhões de pessoas estudem e concluam
uma etapa de aprendizado que lhes é de direito.
Como
escreveu o cientista político Daniel Cara,
até agora nossa postura como país foi aguardar que as pessoas
analfabetas envelheçam e, consequentemente, morram. A perspectiva da
EJA como instrumento para prover o direito à Educação ainda não
foi encampada historicamente no Brasil. Será que conseguiremos mudar
essa postura? Seremos, de fato, uma pátria educadora para todos?
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CARVALHO, Roseli Vaz – UTP
roseli_pedagogia@hotmail.com
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